Quando a dor lacera a minha carne, sinto a minha alma corroída pelo mais insuportável sofrimento. Uma estaca negra como a noite perfura o meu coração, que se enegrece em profunda necrose, enquanto em meu ventre, a mais instigante luxúria me compele não ao pecado, mas ao meu próprio sofrimento, que consome meu espírito e me devora todas as manhãs, quando acordo de meu doce sono, único lugar onde eu posso estar morta e descansando em paz. A dor me faz querer chorar, mas nenhuma lágrima escorre destes meus olhos, já que muitas lágrimas de sangue eu já chorei por aqueles que amei e que me deixaram desfalecida neste túmulo negro que se tornou minha vida. Minha alma violada, como uma roseira deflorada, vaga pela cidade negra, como um fantasma na névoa, tentando chorar uma chuva que não cai. Ando pelas ruas obscuras, enquanto a dor consome o resto de minha alma, dando lugar a um profundo niilismo, que torna os meus olhos ocos e vazios, enquanto eu enxergo toda a desgraça decadente a minha volta como se fosse uma doce ironia. Então eu comprimento as trevas, que são desde sempre as minhas melhores amigas, que sempre estiveram comigo na alegria e na doença. E antes que eu mutile os meus pulsos fazendo o meu sangue negro escorrer pelos brancos lençóis, eu sorrio macabramente, em meio a tamanha desgraça. Depois de tudo isso eu me deitarei, só eu e as trevas, neste leito terminal que me levará ao eterno sono e a minha libertação deste sofrimento.
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