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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Um Delírio em Vermelho







Enquanto eu pinto meus pulsos em carmesim
E alivio a dor sem fim
Manchando os lençóis alvos com resplendores vermelhos
Enquanto minhas lágrimas escorrem incontáveis de meus olhos

Imersa em uma tormenta negra e sufocante
Onde as trevas se adensam mais espessas do que chumbo
Enquanto demônios atormentados me açoitam interminavelmente
E a dor lacerante me sufoca tirando a minha vontade de viver

Durante toda essa loucura implacável
Eu posiciono o arco afiado de um stradivarius
Contra suas cordas feitas a partir de veias e artérias
Fazendo o sangue verter em uma sinfonia agonizante

Meus demônios incontroláveis me possuem
Me dilacerando por dentro em um turbilhão de sentimentos confusos
Não, não quero que isso aconteça de novo
Que o meu destino amaldiçoado se repita para sempre

Todas as vezes que eu estou sozinha me encontro torturada
E apenas quando a minha alma solitária encontra outra
Posso sentir alívio dos meus eternos tormentos sombrios
Mas sou apenas uma donzela condenada por minha sina

Enquanto eu pinto meus pulsos em carmesim
E alivio a dor sem fim
Manchando os lençóis alvos com resplendores vermelhos
Enquanto minhas lágrimas escorrem incontáveis de meus olhos

Enquanto eu me encontro sufocada pelas cinzas sufocantes
Um grande incêndio queima a minha carne
Não posso controla-lo, muito menos apagá-lo
Apenas me deixo consumir pelo inevitável

Por favor, me salve
Seja um alívio para a minha alma violentada
Já que em meio aos tormentos de uma alma torturada
Eu apenas não quero ser abandonada

Mas enquanto eu estava mutilada e largada
Como um feto abortado em uma poça de sangue
Você me traiu e me abandonou
Como todas antes de você sempre fizeram

Não posso controlar meus demônios
E você não entende a minha dor
Ninguém entende, por isso eu estou banhada em sangue
Violentada por mim mesma em uma banheira

Enquanto eu pinto meus pulsos em carmesim
E alivio a dor sem fim
Manchando os lençóis alvos com resplendores vermelhos
Enquanto minhas lágrimas escorrem incontáveis de meus olhos

Todas as vezes que o destino maldito se realiza
Como a mais terrível e abominável das maldições
Eu caio em um abismo negro sem fim
Enquanto tento me agarrar desesperadamente à alguém

Mas ninguém está lá, por isso continuo caindo
E esperando que hajam lanças que me perfurem e me matem
Interrompendo essa existência insuportável
De uma alma atormentada por demônios que ela mesma criou

A culpa é minha, apenas minha
De destruir tudo de belo que eu criei e minha vida
Como a sina se repete, destruo de novo e de novo
Já que todos os amores para mim não passam de um vício mórbido

Quero voltar para seus braços, por favor
Mas se não puder, me mate e me ame como um cadáver
Drenando o todo o meu sangue virgem e frígido
E se banhe nele como a condessa sangrenta fazia

Enquanto eu pinto meus pulsos em carmesim
E alivio a dor sem fim
Manchando os lençóis alvos com resplendores vermelhos
Enquanto minhas lágrimas escorrem incontáveis de meus olhos

Não possuo nenhum controle de mim mesma
Por isso assombrei você como uma alma torturada
Atormentada e dolorida em uma eternidade de sofrimento e martírio
Já que a minha sina sempre se cumpre como uma mórbida praga

Através das minhas incontáveis lágrimas
Das noites frias e sombrias cheias de loucura e pesadelos
Em minha hipocondria morta, totalmente descontrolada
Eu preciso apenas de alguém para me aninhar

Mas sempre me abandonam e me deixam para morrer
Seria eu uma assombração monstruosa?
Ou seria um espectro de rancor e desespero?
Oh maldita existência que me condenou

Quero me redimir dos meus pecados
Mas agora é tarde demais para a minha redenção final
Já que, afinal, eu sempre machuco quem eu mais amo
Me mutilando enquanto cumpro a sentença que me foi outorgada

Enquanto eu pinto meus pulsos em carmesim
E alivio a dor sem fim
Manchando os lençóis alvos com resplendores vermelhos
Enquanto minhas lágrimas escorrem incontáveis de meus olhos

Não existe mais volta para tudo
E eu não consigo mais viver com tantos arrependimentos
Quero perfurar meu peito com uma espada afiada
E destruir meu coração totalmente enegrecido pelas trevas

Sou compelida a tudo pela sombra de mim mesma
Uma criança violentada pela própria mãe
Que se sente sufocada por esta vida maldita
Enquanto vaga pelos bosques noturnos amaldiçoados

Sinto medo, raiva e ódio das minhas próprias ações
Quero arrancar as artérias dos meus braços
E me enforcar com elas em uma bela obra de arte
Uma dama crucificada em meio a uma chuva de sangue

Mutilada enquanto pinto de vermelho a fria neve sob os meus pés
Como uma batalha invernal que ceifa milhares de almas
Meus sentimentos me sufocam e sugam o que resta da minha vida
Me fazendo fria como a morte em meio a uma tela branca pintada em escarlate

Enquanto eu pinto meus pulsos em carmesim
E alivio a dor sem fim
Manchando os lençóis alvos com resplendores vermelhos
Enquanto minhas lágrimas escorrem incontáveis de meus olhos

Acordo todos os dias sozinha...
Sozinha...
Sozinha.
Com meus algozes
Com os meus carrascos
Que fazem o mais profundo oceano se tornar árido como um deserto
Que fazem a luz mais intensa do firmamento se tornar escura como túmulos estelares
Que fazem todo o fogo de meu coração me queimar com o calor de mil infernos
E o frio do mais gélido vazio me fazer verter sangue sobre a neve branca

Enquanto eu defloro os meus pulsos em escarlate
E esparramo toda a rubra tinta em meus seios
Derramando minha sanguinolência na neve frígida
Pintando a tela branca com as minhas lágrimas de sangue

Acordo todos os dias sozinha...
Sozinha...
Sozinha...
Por favor...
Não me abandone...
Nao me...
Abandone!
Não me abandone de novo...
Por favor...
Não...
Não...
Eu não aguento mais
Não...
Por favor...
NAAAAAAAAÃO...
NÃO ME DEIXE AQUI..
NÃO ME DEIXE SOZINHA COM ELES...
SE NÃO EU JURO QUE ME MATO...
POR FAVOR, ME AJUDE...
POR FAVOR...
Por favor...
Não me deixe...
Sozinha...
Sozinha...
Sozinha...
...

Tick Tock!
Tick Tock!
Suba a bordo e vamos brincar
Você é a minha amiguinha que eu vou cuidar
Somos só você e eu
Para sempre
Tick Tock!
Tick Tock!
Existem muitos doces vermelhos e brancos
Para nós nos lambuzarmos
Vamos brincar a vida inteiraa
E escapar do inferno lá fora
Tick Tock!
Tick Tock!
Deite comigo e me abrace
Me tire dos meus pesadelos
E me dê um pouco de seu calor
Enquanto eu durmo para sempre...





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